Não é uma tarefa fácil para um investidor controlar a rentabilidade do seu dinheiro quando aplicado em diferentes fundos de investimento, às vezes em mais de uma instituição financeira, com características, regras e taxas de administração distintas.

Para ajudá-lo nesse trabalho, surgiu um app brasileiro chamado Fliper (Android, iOS), que consegue consolidar a carteira de investimento de uma pessoa e analisá-la, usando inteligência artificial. A plataforma abrange todos os tipos de investimento, sejam fundos de renda fixa ou variável, ações, previdência privada etc.

Renan Georges, um dos idealizadores do Fliper: “A proteção de dados é algo inerente ao nosso modelo de negócios”

“Somos a primeira empresa no Brasil que faz consolidação de carteiras de maneira automática. Outras oferecem isso de maneira manual”, afirma Renan Georges, um dos idealizadores do Fliper, que é um projeto do grupo CO+.

O app apresenta em gráficos um resumo dos investimentos da pessoa, que consegue passar a acompanhar a evolução do seu patrimônio de maneira mais clara, o que facilita a tomada de decisão sobre seus investimentos.

Lançado em outubro passado, o app está controlando o crescimento da sua base, aceitando usuários somente por convite, com liberação gradual. Mesmo assim, já soma 7,5 mil usuários, 6 mil contas cadastradas e quase R$ 1 bilhão em ativos rastreados. A meta é chegar a 100 mil usuários e R$ 5 bilhões em ativos rastreados até o fim de 2019. O perfil médio do usuário do Fliper são pessoas com investimento em mais de uma instituição e com ativos que somam entre R$ 50 mil e R$ 5 milhões.

Para usar o app, o investidor precisa informar as credenciais de acesso na Internet às suas contas de investimento. Cabe ressaltar que isso não inclui as senhas de movimentação financeira. Ou seja, o Fliper consegue apenas ler os dados, não realizar transações. A plataforma consegue acessar informações de contas em seis instituições financeiras: BTG Pactual, Easynvest, Itaú, Órama, Rico e XP Investimentos. Em breve virão também Banco do Brasil, Bradesco, Banco Original, Santander, Ágora, Clear, Genial e Modal Mais. A expectativa é fechar o ano com acesso a todas as principais corretoras e bancos em atividade no País.

Open Banking e privacidade

A conexão para a coleta das informações é feita com tecnologia própria, a partir das credenciais fornecidas pelo usuário. Não é necessário nenhum acordo técnico ou comercial com as instituições financeiras. Na prática, o Fliper está antecipando o movimento de open banking, conceito de que os dados financeiros pertencem aos usuários, não aos bancos, e cuja regulamentação está em discussão no Banco Central e deve ser definida em breve. “Vamos nos antecipar ao mercado. Enquanto não é regulado o open banking, a nossa tecnologia permite dar um passo à frente e fornecer essas funcionalidades hoje, não daqui a dois ou três anos, quando será mais fácil para o mercado inteiro”, explica Georges.

Todos os dados coletados pelo Fliper são armazenados em um repositório criptografado com o mesmo nível de segurança do sistema bancário, afirma o executivo. “Nosso termo de uso e política de privacidade estão adequados às novas regras da LGPD. A gente deixa muito claro como coletamos e como usamos as informações. A proteção de dados é algo inerente ao nosso modelo de negócios”, diz Georges.

O executivo reconhece que ainda existe uma barreira de entrada no que tange a conquista da confiança do usuário em ceder sua senha de acesso, porém, esse obstáculo é muito menor do que era cerca de quatro anos atrás, quando outro app brasileiro de gestão financeira começou a operar, o GuiaBolso, cujo foco é o controle de despesas em contas correntes, não investimentos. Atualmente, 75 de cada 100 usuários que se cadastram no Fliper informam suas credenciais de acesso. Além disso, a empresa não sente resistência do lado de bancos e corretores. “O mercado mudou muito de lá para cá e hoje entende que os dados pertencem aos usuários não às instituições financeiras”, comenta.

Inteligência artificial e modelo de negócios

Nesta primeira fase, o Fliper atua somente consolidando os dados de investimentos. Mas a empresa requereu seu credenciamento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como consultora financeira. A ideia é poder analisar os investimentos de cada usuário e recomendar eventuais mudanças. Isso será feito com algoritmos de inteligência artificial, criados a partir de um trabalho em equipe entre analistas de investimento e cientistas de dados.

“Fliper é uma plataforma pró-ativa, com funcionalidades preditivas. Poderemos alertar quando um título estiver para vencer, ou quando identificarmos um fundo com o perfil do cliente, ou mesmo informar se há uma previdência privada com um custo melhor e sugerir sua portabilidade. Ou seja, pequenas mudanças com impacto grande na rentabilidade”, descreve Georges.

O modelo de negócios ainda não está definido. A empresa quer que seja algo sem “fricção” para o usuário.

Equipe do Fliper (Crédito: Divulgação)

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