Você quer ganhar só no curto prazo ou pela vida toda?

Por Glenda Mara Ferreira 

O maior senso comum, aquele problema que todo especialista em investimentos enfrenta na hora de ensinar (e ajudar a ganhar dinheiro) é a vontade de cada um em buscar enriquecer rápido demais.

Sabe aquela ganância em conquistar tudo no curto prazo ou em dar uma guinada com apenas um tiro certeiro?

É tão, mas tão comum que já até me acostumei com o falatório – quando na verdade não deveria, né? Afinal de contas, o meu trabalho aqui é ajudar você, investidor, a entender o funcionamento de todo o processo de investimento com as respectivas vantagens e desvantagens, facilidades e respeito a prazos que costumam soar como nada agradáveis.

A vida tem dessas, nada vem fácil. E, como dizemos, “não existe almoço grátis”.

Então vamos entender os porquês de o dinheiro não vir fácil assim.

Primeiro ponto. Para conseguir um retorno maravilhoso em pouco tempo, você deverá tomar muuuito risco. E não estou falando de pouca coisa não, é o risco de perder tudo o que você investiu inicialmente.

Explicações científicas (e outra nem tanto)

Mas na vida real, as pessoas que falam que tudo bem, não há problema nisso, são as que (na maioria das vezes) ao menor sinal de oscilação para baixo, se desesperam e sacam tudo. Muitas vezes, bem no pior momento.

Sabe quantas pessoas realmente aguentam esse baque logo quando está dando os primeiros passos? Pouquíssimas.

É claro que muita gente tem sorte, mas eu prefiro não contar com este fator. Além do que, com o passar do tempo você pode ver essas pessoas que “chegaram lá”, perderem tudo. A sorte tem as suas diferentes caras.

Colocando esse fator especial de lado, há até uma explicação das finanças comportamentais para termos tanto medo do risco.

As teorias explicam os erros em nossas atitudes por meio de vieses (já que não temos visão total de tudo, na tentativa de simplificar e avaliar alternativas, perdemos o rigor e acabamos errando por meio dos vieses), então, a aversão à perda e dificuldade para identificar riscos é um desses.

Mas não é sempre que temos aversão ao risco, é apenas diante da possibilidade de ter ganhos certos. Nesses momentos, não queremos correr nenhum risco de perder.

Mas, se alguma vez já perdemos, aceitamos mais riscos do que normalmente, até mesmo para recuperar o que já foi perdido.

O problema é que não sabemos identificar corretamente quais são. No fim, não gostamos de perder nada e, para evitar isso, acabamos cometendo desatinos.

E aí uma pessoa que começou a investir, quando perde tudo, pode ficar traumatizada e não voltar mais a investir – perdendo assim, toda uma chance de ter uma vida melhor e com melhores condições.

Quem é que nunca ouviu falar de um tio que perdeu dinheiro com alguma ação há alguns anos atrás e hoje nem pode mais ouvir falar sobre isso?

 

Outro exemplo, agora em números

Quando olhamos para investidores de ações de empresas small caps – aquelas empresas que são menos líquidas e com mais risco – a maioria deles preferiria 5% de chance de ganhar 500% nos próximos seis meses do que 85% de chance de ter o retorno de 100% em três anos.

Pode parecer um absurdo olhando a distância para esses números. Mas quando encaramos a vida real, a realidade é bem próxima a isso.

Quando você perde, a vontade de ver o que foi perdido, sendo dobrado rapidamente parece ser maior do que tudo.

E o que você deve fazer nestes momentos?

Respirar fundo e desacelerar.

Lembre-se daquele vinho maravilhoso, que precisa de tempo para maturar e atingir um bom ponto.

Atingindo o pensamento de prazos mais longos e consistência, você se terá muito mais chance de ser tornar o melhor investidor do mundo.

Portanto, a grande dica de hoje é pensar no caminho inverso.

Ao invés de ter como objetivo ganhos absurdos no próximo mês ou até menos tempo, adquira o hábito de buscar investimentos que não irão perder nos próximos anos ou que não ficarão abaixo dos benchmarks (principais referências).

Não adianta buscar apenas a próxima Magazine Luiza e esquecer todo os ótimos potenciais de ganhos que você poderá ter.


Sobre a Autora:

Glenda Mara Ferreira é Economista e bacharel em Relações Internacionais com experiência e planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante e acabou de inaugurar um Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira

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