Você sabia que é possível ganhar dinheiro com a queda do preço de uma ação?
Investidores do mundo inteiro estão preocupados com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, além de uma possível recessão global.
No Brasil, o Ibovespa já sobe mais de 132%, desde 2016, e está perto da sua máxima histórica, já não sendo mais uma grande barganha como era há 4 anos atrás.
Mesmo com uma melhora da economia brasileira, com o governo realizando reformas e os juros em patamares mais baixos e com tendência de queda. Se um cenário de crise global vier a ocorrer, a Bolsa brasileira deverá ser afetada também.
Portanto é importante um investidor de ações saber operar também em um “bear market”.
Mostrarei, neste texto, qual o procedimento para um investidor “operar vendido” e assim poder aproveitar qualquer cenário da bolsa brasileira.
E como vender uma ação sem tê-la?
Alugando as ações de outro investidor!
Como funciona o aluguel de ações?
Doador do aluguel: investidor que deseja alugar suas próprias ações para outro e, dessa forma, receber um rendimento extra pelo empréstimo. A taxa de retorno é anual, pro rata (proporcional) ao período do contrato e acertada no início do acordo.
Ex: investidor possui 1.000 ações de Magazine Luiza (MGLU3) que não pretende vender no curto prazo. Ele pode disponibilizar suas ações para aluguel e obter uma renda extra de 1% ao ano, por exemplo. Lembrando que todos os proventos (dividendos, juros sobre capital próprio, bonificação, etc.) continuam de direito do doador.
Tomador do aluguel: investidor que deseja alugar as ações de outro para poder “operar vendido”, estratégia também conhecida como “short”, derivada da palavra americana, que é utilizada para apostas de queda no preço de ativos financeiros.
Ex: investidor não possui MGLU3 e entende que seu preço deverá cair. Portanto, ele aluga as ações de um doador, vende no mercado por R$ 36, por exemplo, e, após algum tempo, recompra por R$ 30. Após a liquidação da compra em D+2, entra em contato com a corretora para devolver o aluguel. Resultado: obtém um lucro de R$ 6 por ação, mas deve descontar a taxa do aluguel (proporcional ao período) e as corretagens.
Assim como na compra e venda de ações, a corretora faz a intermediação das operações de aluguel entre os investidores e a Bolsa de Valores (B3).
Os doadores disponibilizam suas ações para aluguéis com a modalidade e taxa que desejarem. E os tomadores escolhem as ofertas disponíveis no mercado. A B3 atua como contraparte no processo, garantindo e assegurando as operações.
Modalidades de contrato de aluguel
Reversível ao tomador: é o mais comum e mais líquido. Permite que o tomador encerre o contrato a qualquer momento. Basta ter o ativo liquidado em custódia para devolvê-lo ao doador e, assim, encerrar o contrato.
Reversível ao doador e ao tomador: o doador pode encerrar o contrato a qualquer momento. Se o doador solicitar as ações de volta, a corretora informa ao tomador, que terá quatro dias úteis para devolver as ações. O tomador pode procurar outro doador para trocar o contrato ou recomprar as ações para devolvê-las.
Vencimento fixo: não é reversível ao tomador nem ao doador. As duas partes permanecem com o contrato vigente até o vencimento pré-estabelecido.
Como alugar ações – Doador
O investidor deve informar sua corretora qual papel deseja disponibilizar para aluguel, a quantidade, qual a taxa (% ao ano), data de vencimento, modalidade e se deseja que o contrato seja renovável ou não.
Algumas corretoras já oferecem a possibilidade de alugar ações, tanto na ponta doadora como tomadora, pelo home broker.
Como alugar ações – Tomador
O tomador irá escolher a oferta doadora que melhor atenda suas necessidades (quantidade de papéis, taxa, prazo e modalidade). E precisará deixar um valor em dinheiro ou em ativos, que ficarão bloqueados na corretora, como garantia do contrato de aluguel, até que liquide a operação.
Taxas médias de aluguel no mercado
É possível checar as taxas médias dos últimos aluguéis registrados de cada ativo no site da B3.
Garantias necessárias para tomar um aluguel
Quando você toma um aluguel, a Bolsa exige que você deposite uma margem de garantia na corretora, para se assegurar que você tenha condições de recomprar o papel e devolvê-lo ao doador.
A margem solicitada será do valor da posição alugada (preço médio do papel x quantidade) + um adicional que depende do risco (volatilidade) da empresa, chamado de “intervalo de margem”.
Quanto maior for a volatilidade do ativo, maior deverá ser o valor adicional a ser colocado em garantia e que ficará bloqueado até a devolução do papel.
Por exemplo, para as ações de Ambev (ABEV3), que possuem baixa volatilidade, é exigido apenas o valor adicional de 16% do valor total. E para Magazine Luiza (MGLU3), de maior volatilidade, 50%.
É possível checar esses intervalos em sua corretora.
Por exemplo, caso você queira alugar 100 unidades de MGLU3, precisará deixar em garantia aproximadamente:
R$ 36,83 (preço da ação) x 100 (quantidade) x 1,5 (intervalo de margem) = R$ 5.524,50
Como pode ser visto na coluna “Requerido”, na imagem abaixo, quando colocada a quantidade desejada (100).
Você pode utilizar como garantia dinheiro, títulos públicos (Tesouro Direto), CDBs, Fundos DI de liquidez diária (se autorizados pela corretora) e/ou ações.
Quais custos incidem no aluguel de ações?
Além da taxa oferecida pelo doador, a corretora poderá cobrar uma taxa pela intermediação da operação, tanto do doador como do tomador. Essa taxa pode variar entre as corretoras. Algumas acrescentam sua comissão à taxa do doador e do tomador.
Abaixo, exemplo de comissão acrescida na corretora Rico:
Tomador: taxa de registro da B3 (0,25% a.a.) sendo o mínimo de R$ 10.
A taxa anual é cobrada pro rata (proporcional) à duração do aluguel.
Tributação no aluguel de ações
Para o doador: imposto de renda, retido na fonte, sobre o rendimento da operação de empréstimo. Tratada como uma operação de renda fixa. A alíquota é regressiva:
Tempo de aplicação |
Alíquota do IR |
Até 180 dias |
22,5% |
De 181 a 360 dias |
20,0% |
De 361 a 720 dias |
17,5% |
Acima de 720 dias |
15,0% |
Para o tomador: o custo da operação de empréstimo pode ser descontado dos lucros.
Como acompanhar os ativos dentro da sua carteira de investimentos?
Agora que já você já sabe como investir em fundos e que eles podem fazer parte da sua carteira de investimentos, lembro que a diversificação dos recursos em diferentes classes de ativos e em diferentes instituições financeiras pode dificultar o acompanhamento e controle do patrimônio.
Entrar no site de cada casa e classificar seus investimentos em uma planilha de excel pode dar trabalho e tomar muito tempo.
Visando solucionar este problema do investidor, o Fliper é um aplicativo que consolida os investimentos de forma automatizada, diferente dos outros, em que os usuários precisam inputar os dados manualmente.
O app também mostra a evolução do patrimônio e a rentabilidade do portfólio, podendo compará-lo aos principais índices do mercado, como CDI e Ibovespa.
O Fliper pode ser baixado para sistemas Android e iOS.
Um abraço e bons investimentos!
Walter Poladian Filho, CFP®
Consultor de valores mobiliários credenciado na CVM e planejador financeiro certificado (CFP®), possui também a certificação PQO da B3. Formado em administração de empresas pela FAAP, com experiência de mais de nove anos no mercado financeiro, atuou como planejador financeiro na Empiricus e em passagem por duas grandes corretoras (Rico e Link), foi gestor da mesa de renda fixa, consultor de investimentos e operador (broker) nos mercados de ações e derivativos.
Disclosure: Ações são ativos de renda variável e possuem riscos. Este texto não representa recomendação nem oferta de negociação de valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. A redistribuição do presente conteúdo é autorizada, desde que citada a fonte.